Íris Helena Gomes
Equinócio de outono no hemisfério sul. O sol alinha-se ao Equador e vai em direção ao norte, aquecendo nossos irmãos do norte que enfrentaram rigoroso inverno. Lá os campos renascem verdes e floridos. É primavera.
Aqui o clima é ameno, a natureza pródiga frutifica. Ainda é cedo para as folhas amarelarem e caírem. Os frutos que eram verdes, agora amadurecem e alimentam os pássaros e toda fauna vegetariana.
É tempo de colheita da maioria de nossos frutos. Que prazer poder apanhar no pé as saborosas jabuticabas, goiabas, laranjas, mamões, abacates, caquis, ameixas… Que variedade de formas e sabores! Todos frescos e saudáveis!
Como é bom compartilhar com os pássaros na mesa generosa da boa árvore! Que labor silencioso e quieto, para produzir o vivo manjar! No sossego, ao relento, não usou utensílio, não bateu ovos, não misturou ingredientes, não assou, não cozinhou. Apenas esperou que a sabedoria divina agisse através dela. Sabedoria em forma de luz solar, água caída das nuvens e infiltrada no solo rico em nutrientes… E ainda o ar indispensável para a fotossíntese.
A mágica alquimia aconteceu sem propaganda, sem barulho, sem inquietude! É fantástico! É o verdadeiro show da vida.
No ciclo da estação a mãe terra faz sua doação. Os frutos, uma vez separados das sementes no processo da ingestão e digestão, terminam seu papel. Agora é a vez da semente, que carrega todo potencial para a sobrevivência da espécie. Ela deve, ou deveria formar uma nova árvore. No ato de doação, a planta mãe recebe a possibilidade da prole.
Se não colher, os frutos maduros se desprendem e tombam ao chão. As folhas de outono já velhas e amareladas caem. A árvore se prepara para o sono de três meses de inverno.
A palavra latina “vegetus” de que derivamos “vegetal”, quer dizer “ forte”, “sadio”. Sadios e fortes também são os homens e mulheres que se harmonizam com a Natureza Divina.
Retorno aqui ao pensamento de Einstein que já citei:
“O que eu vejo na natureza é uma magnífica estrutura que só conseguimos entender com muita imperfeição, mas que pode satisfazer a uma pessoa com sentimento de humildade”.